Resumo da entrevista de Paulo Guedes, na Expert XP 2020
Highlights
Reforma tributária:
- imposto sobre transação: estudando base ampla
- imposto dividendos: sim
- imposto renda pessoa jurídica: vai diminuir
Retomada à vista
Renda Brasil ao final do auxílio emergencial
Acelerar programa de privatizações
Fica até o final do mandato? Só sai abatido à bala.
Reforma tributária
Está pronta. O plano era entrar no começo do ano, o COVID atrapalhou.
Tem imposto sobre valor agregado — IVA.
O esforço na calamidade pública do COVID foi do tamanho de 10% do PIB.
A democracia brasileira andou. Talvez um pouco lenta, mas andou. Recursos foram disponibilizados. Não faltaram recursos para a saúde.
Sobre Retomada
Há sinais interessantes:
- consumo de energia elétrica só 4% abaixo de junho do ano passado
- notas fiscais eletrônicas 70% acima de junho do ano passado
- exportações praticamente iguais no primeiro semestre
- construção civil contratando 5.000 pessoas
- deve vir boom imobiliário de uns 10 anos, por conta de baixos juros. Outro efeito é o alongamento de prazos, atualmente 20, 30 anos para financiar imóvel, pode subir para 40, 50 anos
- melhor mês para Caixa Econômica Federal, em liberar recursos para construção
- o consumo em geral, bens duráveis, voltando
Sobre velocidade de recuperação
É muito cedo para ser pessimista.
Com COVID, caiu rápido, mas deve ter retomada constante, um pouco mais lenta. Um símbolo como o da Nike, V da vitória.
Ele vê crédito finalmente chegando e destravamento de investimentos.
O programa social de R$ 600 deve diminuir, até se consolidar no programa Renda Brasil.
Pergunta sobre impostos de transação
Na reforma política, existe a economia e a política. Os tempos são diferentes para cada.
Tem que começar sobre o que une a política, e não sobre o que desune.
Os impostos atuais são terríveis, mal formulados, regressivos. Ele quer imposto sobre valor adicionado.
Impostos sobre transações eletrônicas: é o setor que mais cresce, é interessante.
Pergunta: qual a sustentabilidade da dívida?
É um tema muito importante. Compromisso com controle de gastos. O descontrole levou à desindustrialização, juros enormes, corrompeu e estagnou a economia.
Este foi um ano excepcional por conta do combate à pandemia.
Ano que vem volta ao normal.
As três principais despesas foram derrubadas: privilégios da previdência, os juros da dívida, salários do funcionalismo congelados por dois anos.
Historicamente, a parte fiscal era frouxa, levando Brasil a se endividar como uma bola de neve.
Também foi feita uma desalavancagem dos bancos públicos.
Tudo isso levou os juros a desabarem.
A relação dívida PIB reduziu de 76,5% para 75,8% no primeiro ano.
Os gastos ano que vem estão relativamente contidos.
Tem que mostrar ano que vem. O que vai destravar a economia é o investimento privado.
Sobre Renda Brasil
A ajuda da pandemia atinge 38 milhões de pessoas.
No máximo 10 milhões serão incluídos no Renda Brasil.
Este vai pegar vários programas e focalizar num só. Atualmente o Bolsa Família é de R$ 30 MM, o Renda Brasil já encontrou recursos para R$ 50 MM.
Ex. de programas canalizados para o novo programa: isenção para gastos de classes alta, desonerações.
Tem muito ralo em Brasília, escapa muito dinheiro em programas duplicados e defasados.
O congresso quer fazer, extremistas são minoria.
Tributação de dividendos? Mudança no imposto de renda PJ?
Desce imposto de renda pessoa jurídica, sobe imposto de dividendos.
O imposto de renda pessoa jurídica chega a 34%. As empresas desistem de criar empresas e vão para fora do BR. O país cresce quando há acumulação de capital e educação.
- imposto transação: estamos estudando ampla base
- imposto dividendo: sim
- imposto renda pessoa jurídica: vai cair
Sobre teto de gastos
Fizeram o teto e não fizeram as paredes.
Várias despesas indexadas: salários, benefícios da previdência, gastos de alguns ministérios.
O piso sobe todo ano. Com o teto fixo, vamos ser esmagados entre o piso e teto.
Duas alternativas. Ou sobe o teto ou não sobe o piso.
Se sobe o teto, causa inflação descontrolada, conforme já vimos antes.
Ou quebra o piso. E é bom, porque alocação de recursos é a essência da atividade política.
Atualmente, 96% estão carimbados, os políticos só decidem sobre 4%.
Brasil é gerido por um software, que somente corrige as despesas todos os anos.
As paredes são a reforma da previdência, administrativa, controlar trajetórias futuras e funcionalismo público.
É difícil, ministros e parlamentares querem manter recursos, tem gente defendendo furar o teto.
Sobre privatizações
Não basta apenas a vontade econômica, tem o lado político.
Vai acelerar nos próximos 90 dias, para não desmoralizar o programa de privatizações. O objetivo é aprovar 3 ou 4 grandes privatizações.
Se puder pegar o dinheiro das privatizações, vender reservas, isso ajuda a quebrar a dinâmica, a bola de neve de dívidas.
Não tem essa de toma lá dá cá, aparelhamento do centro. É uma agenda de reformas. A crise exige reformas.
Paulo Guedes fica até o final do governo?
Só sai a bala, abatido à força. Ele tem uma missão a cumprir.
A agenda da centro direita é liberal democrata. Não quer aumentar impostos, prefere regular os gastos.
Ampliar a base para mais gente pagar, porém, pagar menos.
Hoje em dia, há R$ 300 MM em desonerações. Quem tem poder político consegue ser desonerado.
Quem tem poder econômico vai para o contencioso: prefere pagar R$ 100 MM para advogados do que R$ 1 BI de impostos.
O BR historicamente é o paraíso dos burocratas, contenciosos, rentistas, e isso tem que acabar.
Enquanto tiver a agenda, ele continua.
Se o Presidente e o Congresso não quiserem a agenda, não tem o que fazer, aí ele vai para casa.
Originally published at https://ideiasesquecidas.com on July 17, 2020.