Recomendação: O País das Sombras Longas

Arnaldo Gunzi
3 min readFeb 6, 2024

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Faz vinte anos desde que li “O País das Sombras Longas” pela primeira vez. Era um livro emprestado da biblioteca, então não fiquei com uma cópia. Semana passada, encontrei uma versão num sebo e não hesitei em comprá-la.

“O País das Sombras Longas” é um romance de Hans Ruesch, sobre a vida e costumes dos inuits (esquimós) no Ártico. É um relato fascinante e duro da vida sob condições ambientais extremas.

Alguns pontos interessantes do livro.

“Inuit” quer dizer “os homens”, na língua local. E “Esquimó”, algo como “aquele que come carne crua”, já indicando um hábito deste povo.

As temperaturas chegam a -35 graus Celsius! Um comentário interessante: a esta temperatura, eles não podem suar (numa caçada, por exemplo). Suar seria fatal, pelo suor congelar imediatamente.

Outro costume estranho é o de “rir com mulheres”. Pelas mulheres serem escassas na região, é comum um homem casado oferecer a esposa para um visitante “rir com ela”. E pior, recusar tal oferta é considerado uma ofensa ao anfitrião!

A escassez de mulheres ocorre, dentre outros motivos, por uma preferência por filhos homens. Dadas as condições terríveis de sobrevivência, ter o primeiro filho homem é crucial para garantir o sustento dos pais, na velhice. E se a primeira filha for uma menina? A solução adotada é o infanticídio. Uma cena particularmente forte é o da avó recomendar que coloquem neve na boca do bebê e deixem na neve, antes que a mãe possa se apegar a ele…

Para a avó, outra tarefa pesada. Próximo ao nascimento do bebê, ela pede para ser abandonada na neve, a fim de dar espaço para o novo membro da família, pois não havia condições de alimentar tantas bocas. Era uma questão de vida ou morte.

Separação de trabalhos. Homem com caça, mulher com afazeres domésticos. Por exemplo, a fim de fazer as roupas, as mulheres devem curtir o couro. Isto é feito mordendo a pele dos animais caçados (focas, ursos polares) — o que acaba desgastando fortemente os dentes.

Os iglus são estruturas feitas de blocos de neve cuidadosamente cortados e montados em forma de cúpula. Internamente, a temperatura pode chegar a aconchegantes 15 graus Celsius. A parede do iglu descongela, porém congela novamente devido ao frio externo.

Dieta: A dieta Inuit é predominantemente baseada em carne, devido à escassez de plantas comestíveis em seu ambiente. Eles dependem da caça de mamíferos marinhos, como focas, baleias e morsas, além de peixes e aves. A carne é consumida de várias formas, incluindo crua, fermentada ou seca.

Transporte: os Inuits usam trenós puxados por cães para transporte sobre o gelo e a neve.

Caça e Pesca: A caça e a pesca são centrais para a subsistência Inuit, envolvendo um profundo conhecimento do ambiente, dos padrões de migração animal e das técnicas de caça.

É um ambiente inóspito e uma vida difícil, como se pode perceber. O livro aborda a evolução de uma família inuit e alguns contatos com homens brancos. Originalmente escrito por volta de 1950, oferece um retrato impressionante desse povo e dessa época.

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Originally published at https://ideiasesquecidas.com on February 6, 2024.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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