Recomendação de leitura: O Pequeno Príncipe
O Pequeno Príncipe é como um belo poema… não apenas para crianças, mas principalmente, para adultos.
É uma história bonita, escrita pelo escritor francês Antoine de Saint-Exupéry. Vendeu mais de 140 milhões de cópias e foi traduzido em mais de 500 línguas e dialetos.
O livro é bastante curto, sendo possível ler em algumas poucas horas. Recomendo a versão em audiolivro da BibliOn, a biblioteca pública de São Paulo, mas há inúmeras versões pela internet ou na sua livraria favorita.
É a história de um piloto que faz um pouso de emergência no deserto do Saara e conhece um pequeno príncipe vindo de um asteroide distante — parte baseada na própria experiência do autor, que realmente sofreu uma pane em seu avião e ficou perdido no deserto até encontrar resgate.
Alguns personagens:
- A rosa, bela mas de personalidade difícil e repleta de espinhos;
- Seu asteroide natal, o B-612, onde ele vive sozinho e cuida de sua rosa;
- Os baobás, que ele deve combater senão esgotarão todos os recursos do pequeno planeta;
- Seus três vulcões, um deles extinto, que ele deve cuidar senão podem entrar em erupção.
Bastante interessante é o tour que o Pequeno Príncipe faz por 6 asteroides antes de chegar à Terra, encontrando adultos de todos os tipos — uma crítica a todos nós, adultos.
- Um rei que não tem súditos e diz ter poder sobre todo o universo. Porém, só dá ordens quando essas são obedecidas — se as estrelas não o obedecem, foi ele que não soubera dar as ordens;
- Um vaidoso homem que adora elogios e está sempre olhando para o céu em busca de admiradores;
- Um bêbado que bebe continuamente para esquecer sua vergonha por beber;
- Um empresário que acredita que é dono de todas as estrelas do céu e está constantemente contando-as. Dono de uma “fortuna” imensa, 500 milhões de estrelas, mas não faz uso de nenhuma delas;
- Um trabalhador que fica apagando e acendendo lampiões a cada 30 segundos, porque isso lhe fora ordenado, e ele cumpre à risca;
- Um geógrafo ocupado 100% do tempo em catalogar as descobertas de outros, sem ele mesmo explorar nada.
Claramente, tanto a rosa quanto os adultos estranhos dos asteroides são uma metáfora a tipos diversos que encontramos em nossas vidas — ou, melhor, reflexos de nós mesmos sob alguns aspectos.
O livro é repleto de outras pequenas histórias bonitas e dignas de reflexão, e vale a pena ler ao invés de reproduzir aqui.
Seguem algumas belas citações:
“Apenas o coração pode ver claramente. O que é essencial é invisível aos olhos”.
“Todas as pessoas grandes foram um dia crianças — mas poucas se lembram disso.”
“Às vezes o certo está muito além de ver com os olhos, é necessário olhar além do que as aparências mostram.”
“ É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas.”
“Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo.”
“ É muito triste esquecer um amigo. Nem toda a gente tem tido um amigo.”
“Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.”
“É bem mais difícil julgar a si mesmo que julgar os outros.”
“É loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou.”
“As estrelas são todas iluminadas… Será que elas brilham para que cada um possa encontrar a sua?”
“A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.”
“Só as crianças sabem o que procuram.”
“A gente só conhece as coisas que cativou.”
Um parêntesis nesse ponto. O Pequeno Príncipe encontra um campo com milhares de flores. Só que nenhuma delas é tão especial quanto a rosa de seu asteroide. “Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante”. “Ela é sozinha, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela que eu reguei. Foi ela que pus sob a redoma. Foi ela que abriguei com o para-vento. Foi por ela que matei as larvas (exceto duas ou três, por causa das borboletas). Foi ela que eu escutei se queixar ou se gabar, ou mesmo calar-se algumas vezes, já que ela é a minha rosa”.
“Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas, como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.”
“É bom ter tido um amigo, mesmo que a gente vá morrer. Eu estou muito contente por ter tido uma raposa como amiga…”
O final do livro é triste e ambíguo. O Pequeno Príncipe faz a sua viagem de retorno, através do veneno de uma serpente (ou será que não?)
“À noite, tu olharás as estrelas. Aquela onde moro é muito pequena para que eu possa te mostrar. É melhor assim. Minha estrela será para ti qualquer uma das estrelas. Assim, gostará de olhar todas elas… Serão todas suas amigas.”
“Quando olhares o céu à noite eu estarei habitando uma delas, e de lá estarei rindo; então será, para ti, como se todas as estrelas rissem! Dessa forma, tu, e somente tu, terás estrelas que sabem rir.”
Links adicionais:
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Little_Prince http://users.uoa.gr/~nektar/arts/tributes/antoine_de_saint-exupery_le_petit_prince/the_little_prince.htm https://www.itapema.sc.gov.br/wp-content/uploads/2020/03/O-Pequeno-Principe-Antoine-de-Saint-Exupery.pdf
Originally published at https://ideiasesquecidas.com on May 3, 2023.