Principais pontos da Ética a Nicômaco, de Aristóteles
A “Ética a Nicômaco” é uma das obras mais famosas do filósofo grego Aristóteles, e continua influenciando ideias até os dias de hoje — por exemplo, eu gosto demais do conceito de Eudaimonia.
Na era do chatGPT, a gente deve dar uma “prova de humanidade” o máximo possível, então segue uma foto minha com o belo livro.
Abaixo, um resumo em 5 pontos.
1 — Eudaimonia: A felicidade é o bem supremo que pode ser obtido através da ação humana. O bem último é confundido com “felicidade”, pura e simples — mas não é. Está mais para “felicidade de acordo com a virtude”.
É algo como cumprir o papel para o qual vim a este mundo. Alcançar na prática todo o meu potencial nato. Executar a plenitude de minha potência, a excelência.
Isso porque existem “felicidades de baixo nível”, como se entregar à bebida e drogas.
Os homens mais vulgares supõe que a finalidade do bem é o prazer. Porém, outras formas mais nobres são a ação política e a atividade contemplativa (a filosofia).
Note que a riqueza pela riqueza, a mesquinhez, não faz parte da definição de felicidade pela Eudaimonia.
“A felicidade é a atividade da alma de acordo com a excelência completa”.
2 — Virtude
Mas o que seria a Virtude? Um meio entre dois extremos de excesso e deficiência. O equilíbrio que a pessoa virtuosa atinge.
Aqui, um argumento circular. Virtude é o que a pessoa virtuosa faz. Hábitos e disposições que orientam o comportamento moral e levam à eudaimonia. E pessoa virtuosa é quem age com virtude.
Nem o boi, nem o cavalo, nem nenhum dos animais é feliz, por não terem discernimento a agir segundo a excelência.
3 — Sabedoria prática: A capacidade de raciocinar e tomar decisões em questões éticas. O meio-termo em uma situação particular.
Ex. Entre o medo e a audácia, a posição intermediária é a coragem.
Deve-se deliberar não sobre os fins, mas sobre os meios de os atingirmos. Querendo alcançar um fim, examinar o modo como é possível atingi-lo. (Aqui, mais próximo de uma abordagem por princípios como Kant, do que “os fins justificam os meios” de Maquiavel)
Hábito: o comportamento virtuoso pode ser adquirido por meio da prática e da repetição.
4 — Justiça
Sofrer a injustiça não é um ato voluntário.
Quem pratica injustiça conscientemente, no final das contas, pratica uma injustiça contra si mesmo.
Só quando um ato injusto é praticado voluntariamente pode ser repreendido.
Um governante trabalha em prol dos outros. Se um governante for justo, não quererá para si mais do que é devido. (Evidentemente, Aristóteles não era brasileiro…)
5 — Amizade: Aristóteles vê a amizade como um aspecto necessário para a felicidade. Bem na linha do famoso “Diga-me com quem andas e direi quem és”.
A base da amizade é a utilidade pelo bem que os outros lhe fazem, pelo próprio prazer que lhes dá.
A amizade perfeita existe entre pessoas de bem, semelhantes a respeito da excelência. Homens de bem são amigos dos outros pelo que os outros são. (Não pela posição, pelos bens, etc).
É preciso tempo e cumplicidade para a amizade — como diz o provérbio, não é possível que duas pessoas se conheçam sem antes terem comido juntas a mesma quantidade de sal.
A obra de Aristóteles continua imortal e inspirando pensamentos e ações, até os dias de hoje.
Por fim, pedi para o Dall-E desenhar Aristóteles ensinando filosofia numa floresta, e um quadro-negro em branco, para eu passar uma mensagem:
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Originally published at https://ideiasesquecidas.com on February 13, 2023.