Para que serve o segundo turno das eleições?

Arnaldo Gunzi
2 min readOct 3, 2022

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Todas as vezes, nessa época do ano, vem a dúvida: para que serve o segundo turno das eleições?

Resposta simples: para termos resultados mais justos.

Resposta completa abaixo.

Imagine que um país chamado Wester tem três candidatos, o Star (Lobo), o Lannis (Leão) e o Targ (Dragão) praticamente empatados nas pesquisas. Só que um candidato, o Leão, tem 1% a mais que os demais, algo assim:

Resultado: Leão vencedor! Governa Wester pelos próximos 4 anos.

A questão é que a casa de Lannis tem uma rejeição extremamente alta: 66% da população. Os outros candidatos têm rejeição menor. O Leão sozinho, contra qualquer dos outros candidatos, perderia facilmente.

Como pode um candidato rejeitado por 66% da população ser eleito em primeiro lugar? Este é o paradoxo de Condorcet.

Paradoxo de Condorcet

Este paradoxo foi notado pelo marquês de Condorcet, no século XVIII.

Embora seja uma eleição democrática, ela pode levar à uma situação em que a maioria vai rejeitar.

Levando a situação ao extremo, imagine que há 100 candidatos, cada um com exatamente 1/100 dos votos e um deles com um único voto a mais. Este seria eleito com apenas 1% dos votos!

Para evitar este tipo de situação, existe o segundo turno. Os dois melhores colocados no primeiro turno passam por nova votação.

Eleições em dois turnos no Brasil é algo mais ou menos recente. Foi instituído na constituição de 1988. Antes disso, era turno simples.

Impossibilidade de Arrow

Chama-se de “voto útil” quando os eleitores deixam de votar no seu favorito, que não tem chance de ganhar, para votar no candidato menos ruim que tem chance de ganhar. Ex. Os eleitores do Lobo votarem em Targ no turno único, por este ter mais chances de vencer. E este tipo de comportamento também mostra o poder das pesquisas de opinião, de influenciar votos.

Entretanto, mesmo com dois turnos, o “voto útil” vai continuar existindo. Imagine vários candidatos fragmentando a esquerda, por exemplo. Pode haver voto útil para que o melhor candidato da esquerda vá para o segundo turno.

Em suma, eleições em dois turnos não são perfeitas. Nem em três, nem em quatro. Sempre é possível pensar em situações onde o paradoxo do voto ainda ocorre. E este é basicamente o Teorema da Impossibilidade de Arrow: não existe sistema de votação que seja 100% perfeito.

Veja também:

https://ideiasesquecidas.com/

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on October 3, 2022.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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