O Navio de Teseu

Arnaldo Gunzi
3 min readFeb 15, 2024

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O Navio de Teseu suscita uma intrigante questão filosófica que me captura incessantemente.

O paradoxo foi criado pelo filósofo grego Plutarco e apresenta uma situação hipotética envolvendo o navio do herói Teseu.

Após cumprir sua jornada original, o navio de Teseu foi mantido em um museu. Ao longo dos anos, suas peças de madeira foram gradualmente substituídas por novas, à medida que as originais apodreciam.

Digamos que o navio tivesse 1000 peças e tivessem se passado 1000 anos, com uma substituição por ano.

A questão crucial é: o navio, com peças totalmente diferentes das originais, ainda é o navio de Teseu?

Além disso, imagine se as peças substituídas fossem usadas para construir outro navio, exatamente igual. Qual dos dois seria o verdadeiro navio de Teseu?

Ora, e daí? O que isso tem que ver conosco?

Ocorre que, à medida que o tempo passa, nosso corpo continuamente tem suas células morrendo e sendo substituídas por outras. Assim como ocorre com o navio de Teseu, depois de um tempo (já ouvi falar em 7 anos), todas as células do corpo são trocadas, de alguma forma.

Consideremos o Toyota Corolla: a versão dos anos 1980 difere significativamente da atual, tanto em peças quanto em aparência, restando apenas o conceito.

Pode-se, então, afirmar que é o mesmo modelo de carro?

À medida que envelheço, refletir sobre essa transformação torna-se inevitável. A pessoa que sou hoje possui desejos e visões de futuro distintos daqueles de 15 anos atrás, e o mesmo será verdade ao olhar para trás, daqui a 15 anos.

Esta reflexão também me lembra o gráfico do ciclo do sucesso. O que priorizo hoje — dinheiro, posição — não vai ser importante para o eu daqui a 15 anos, quando finalmente os tiver. Já pontos que não têm tanta importância hoje (digamos, amigos, família) podem ser os mais relevantes para a pessoa futura. Pensando no navio de Teseu futuro, seria melhor fazer bons amigos e cuidar da família hoje.

O navio de Teseu muda, mas continua navegando.

“Onde está o menino que fui, está ainda em mim, ou se foi?” — Pablo Neruda, em O Livro das Perguntas.

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on February 15, 2024.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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