Não confundir o Mapa com o Território
Um modelo é, necessariamente, uma simplificação da realidade.
A realidade sempre será muito, muito mais complexa do que podemos capturar através de modelos, não importa o quão complicado estes pareçam ser.
Um modelo complicado demais vai ser só ruído. Vai precisar de dados demais (que são sempre imprecisos), de interações demais, de hipóteses demais que nunca vão se cumprir.
O termo “O Mapa não é o território” traduz precisamente este conceito. Um mapa é um modelo da realidade, e tem bastante utilidade, para nos guiar neste mundo, talvez em 80% dos casos. Entretanto, o mundo real está em constante mudança: a rua que troca de mão, a obra que está acontecendo, os lugares ainda não mapeados.
Quando usamos um Google Maps e vemos que a realidade é diferente do mapa, obviamente confiamos nos nossos olhos. Ninguém vai entrar no contra-fluxo de carros só porque o mapa diz isso!
Então, por que nos prendemos aos modelos em outros domínios? Por que ter phD sem aplicar nada? Por que ter meia dúzia de pós-graduações no currículo?
No livro “O Pequeno Príncipe”, o personagem principal percorre diversos planetóides. Num deles, tem um geógrafo, que sabe tudo dos mapas, mas ele mesmo nada explorou na vida!
Hércules, no intervalo entre os seus 12 trabalhos, encontrou Anteus, o gigante. Ele era filho de Gaia, a Terra, e desta tirava o seu poder infinito. Hércules sacou isso, deu-lhe um abraço de urso levando-o do chão — a assim cortando seu elo com a Terra. Só assim triunfou.
Mantenha os pés no chão! Use os modelos, mas teste-o implacavelmente contra a realidade!
Originally published at http://ideiasesquecidas.com on February 15, 2025.