Mais reflexões sobre demografia, imóveis e gerações

Arnaldo Gunzi
3 min readMay 2, 2024

Existe uma piada que circula largamente na forma de memes, que diz que nossos pais com 30 anos já tinham casa e filhos, enquanto a geração atual, com 30 anos, nem saiu de casa ainda.

Ou que os Simpsons, família comum americana, têm uma casa decente com dois carros, enquanto a geração atual mal tem um cubículo alugado…

Continuando reflexão de post anterior, é possível explicar parte deste fenômeno olhando para a demografia.

O Brasil de 1950 tinha 54 milhões de habitantes. O Brasil atual tem mais de 200 milhões de habitantes, 4 vezes a população. Esse pessoal todo tem que morar em algum lugar.

A área total de 8,5 milhões de Km² do Brasil não mudou, e é bastante coisa. A questão é que a grande maioria, 85% da população, vive em centros urbanos.
(Fonte: https://projetocolabora.com.br/ods11/brasil-tem-85-da-sua-populacao-vivendo-em-grandes-centros-urbanos/)

Num grande centro urbano como São Paulo, as áreas com boa infraestrutura (digamos, perto do metrô, perto do trabalho, bem localizado) são escassas. E vemos o fenômeno que ocorre em grandes cidades: prédios cada vez maiores surgindo, apartamentos cada vez menores, preços cada vez maiores.

Vale lembrar também que, em compensação, hoje temos outras coisas que seriam escassas em 1950: viajar para o mundo todo e se comunicar com facilidade, abundância de alimentos de tudo quanto é tipo, acesso virtualmente ilimitado a conhecimento, etc…

Até quando isto ocorrerá? Segundo projeções do site Population Pyramid, o pico populacional será de cerca de 230 milhões de habitantes, por volta de 2045. Daí começa a diminuir.

O que acontecerá com imóveis quando a população começar a diminuir?

Podemos pegar o exemplo do Japão, onde isso já acontece. Lá, há deflação do valor dos imóveis. A cada ano, parte dos imóveis tende a ter preço menor do que no ano anterior, o que é impensável aqui no Brasil. Há casos de vilas inteiras apenas de idosos, com fechamento de escolas, para ter uma ideia.

Bom, talvez não cheguemos a esse nível, mas de qualquer forma, será improvável vermos o que vemos hoje: prédios surgindo a cada quarteirão, substituindo fileiras inteiras de casas térreas e pequenos comércios, principalmente nas áreas mais nobres das cidades!

Veja também:

https://www.linkedin.com/pulse/reflex%2525C3%2525B5es-sobre-o-passado-e-futuro-demografia-tecnologia-gunzi-wvevf

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on May 2, 2024.

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Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.