Eros e Psique
A lenda de Eros e Psique é um conto da mitologia grega que narra a história de Eros, o deus do amor e filho de Afrodite, e Psique, uma mortal de beleza extraordinária.
Psique era uma princesa tão bela que acabou despertando a inveja de Afrodite, a deusa da beleza e do amor.
Afrodite ordenou que seu filho Eros fizesse com que a jovem se apaixonasse pelo ser mais desprezível e indigno de amor da face da Terra. Eros também é chamado de Cupido, aquele anjinho das flechas. No entanto, Eros, ao ver Psique, se apaixonou por ela e decidiu protegê-la em vez de cumprir o desejo de sua mãe.
Eros, em segredo, levou Psique para um palácio encantado onde ela tinha tudo o que podia desejar, mas ele a visitava somente à noite, mantendo sua identidade em segredo. Psique vivia feliz, mas queria conhecer a verdadeira identidade de seu amado. Ela acabou desobedecendo às instruções de Eros e tentou vê-lo à luz do dia, o que levou Eros a partir, por ela ter descumprido a regra.
Psique, desesperada com a partida de Eros, buscou por ele e acabou entregando-se à morte, caindo num sono profundo.
Eventualmente, após demonstrar sua devoção e força, Psique foi levada ao Olimpo, onde foi aceita pelos deuses. Zeus permitiu que ela se reunisse com Eros, vivendo juntos para sempre.
O poeta português Fernando Pessoa escreveu um belo poema sobre a história.
Eros e Psique
Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera,
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado,
Ele dela é ignorado,
Ela para ele é ninguém.
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora,
E, inda tonto do que houvera,
À cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
Fernando Pessoa
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