Da vida feliz, de Sêneca

Arnaldo Gunzi
4 min readOct 8, 2023

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O que um livro escrito há 2000 anos pode nos ensinar? Resposta: dicas para uma vida feliz.

O filósofo e senador romano Lucius Aneus Seneca escreveu “Da vida feliz” por volta do ano 50 d.C. Ele era um pensador que seguia a nobre filosofia do estoicismo. Seguem algumas passagens deste breve e bonito livro.

Nota. Ilustrado por IAs diversas (Bing Create, Ideogram).

A vida feliz é a que concorda com a sua natureza.

Pode-se definir o homem feliz como aquele para o qual não há nenhum bem ou mal senão a alma boa ou má, aquele que pratica o bem, que se contenta com a virtude, que não se eleva ou se abate com as vicissitudes da fortuna.

O dia que alguém for dominado pelo prazer, também o será pela dor. Serás possuído alternadamente pelo prazer e pela dor, os mais arbitrários e tirânicos senhores.

É feliz quem não ambiciona nem teme, graças à razão.

Homens de natureza embrutecida se reduzem ao estado das bestas. (Neste ponto, interpreto como aqueles que buscam exageradamente prazeres e fogem das dores, incluindo pessoas que podem ser muito ricas materialmente)

No tocante ao prazer, ele envolve o homem por todos os lados, insinuando-se na alma para amolecê-la com sucessivas carícias, e seduzi-la inteira ou parcialmente.

A virtude é algo elevado, excelso e régio, invencível, infatigável; o prazer é baixo, servil, fraco, passageiro.

Os antigos recomendaram seguir o melhor modo de vida, não o mais agradável, de sorte que o prazer não seja o guia da reta e boa vontade, mas companheiro dela.

O homem incorruptível deve ser superior às coisas externas e admirar apenas a si mesmo.

A virtude não é buscada para dar prazer. O que procuro através da virtude? Ela própria.

Os prazeres dos sábios são tranquilos, moderados, como que enfraquecidos e refreados. Mal se notam, e vêm sem serem chamados.

O que busca o prazer deixa tudo para trás, e a primeira coisa que negligencia é a liberdade.

O que aconselha a virtude? A nada julgares bom ou mal. A permaneceres inabalável diante de um mal e de um bem.

Eu me sujeitarei aos trabalhos de qualquer espécie, sustentando o corpo com a alma. Desprezarei igualmente as riquezas presentes e ausentes, nem serei mais triste se estiverem em outra parte. Não serei sensível à sorte quando se aproxima ou se afasta. Considerarei todas as terras como sendo minhas e as minhas como de todos. Viverei como se tivesse nascido para os outros e agradecerei por isso à natureza. Não guardarei avaramente nem desperdiçarei com prodigalidade. Só julgarei possuir de fato o que tiver honestamente recebido. Nada farei por causa da opinião alheia, mas tudo por força da consciência. Agirei sozinho como se todos me olhassem. O limite que porei à comida e à bebida será a satisfação dos desejos naturais.

Quando a natureza me pedir de volta o meu espírito ou a razão o lançar fora de mim, partirei dando-me o testemunho de ter amado a vida.

O sábio não rejeitará a benignidade da fortuna e não se gloriará nem se envergonhará do patrimônio adquirido por meios honestos. As riquezas devem ser possuídas, são úteis e trazem muitas vantagens para a vida.

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Originally published at https://ideiasesquecidas.com on October 8, 2023.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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