Como criar um Momento Imparável com ajuda da Física

Arnaldo Gunzi
5 min readNov 1, 2024

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Inércia e Momento

Em Física, o momento mede a quantidade de movimento de um objeto. Ele é calculado como o produto da massa do objeto pela sua velocidade:

p = m*v

Também em Física, temos as famosas Leis de Newton.

A Primeira Lei de Newton é Lei da Inércia. “Um corpo em repouso permanece em repouso e um corpo em movimento continua em movimento com velocidade constante em linha reta”.

A inércia pode ser interpretada como uma “resistência”. Quanto maior a massa, maior a resistência em movê-la ou, se já estiver em movimento, mais a dificuldade de parar.

A Segunda Lei de Newton diz que força é igual à massa vezes aceleração.

F = m*a

Detalhe que a fórmula acima é simplificada, para o caso em que a massa é constante. Se a massa não for constante, uma melhor descrição da segunda lei seria:

F = dp/dt

onde p é o momento definido acima. Ou seja, a força é a derivada do momento pelo tempo.

“Mas em que ocasião a massa varia com o tempo?”, podem perguntar os mais argutos. Ora, imagine um foguete que vai queimando combustível ao longo do tempo — sua massa vai decrescendo. O pessoal da SpaceX com certeza usa esta versão da segunda lei!

A Terceira Lei de Newton é a lei da ação e reação. Quando eu jogo uma bolinha para frente, o meu corpo também sofre o efeito e vai um pouco para trás — imagine o “coice” de uma arma, por exemplo.

Para toda ação, existe uma reação de igual intensidade e direção, mas em sentido contrário.

É claro que o efeito em ambos os corpos é diferente. A bolinha, de pouca massa, sai em grande velocidade. Eu, de grande massa, vou para trás com menos velocidade. É a conservação de momento linear, usando o conceito da primeira fórmula mostrada.

p1 = p2, ou seja, m1v1 = m2v2.

A conservação de energia diz respeito a uma propriedade que se conserva no tempo.

A conservação de momento diz respeito a uma propriedade que se conserva no espaço.

Aplicando os Conceitos ao Flywheel

Vamos aplicar os conceitos mostrados no flywheel, o disco giratório.

Imagine um disco pesado. No início, é muito difícil fazê-lo ganhar velocidade. Aplicamos força, mas os resultados são pequenos. Continuamos insistindo até que o disco começa a ganhar velocidade.

Lembre-se de que F = m*a. Devemos aplicar força para acelerar o disco e ganhar velocidade. Prosseguimos nesse ciclo, vencendo a inércia, até o ponto em que o disco ganha muita velocidade — e aí, é difícil parar!

O disco imparável é o conceito de “flywheel”. É o ciclo virtuoso, a mentalidade que sustenta a estratégia da Amazon.

O fundador da Amazon, Jeff Bezos, gostou tanto do conceito que, segundo a lenda, desenhou num guardanapo o flywheel da Amazon:

Seleção e preços competitivos -> Ótima experiência do cliente -> Tráfego -> Vendas -> Maior seleção e menores preços.

Estrutura de custos frugal -> Menores preços -> Ótima experiência do cliente

A Amazon vem cumprindo à risca o conceito. Preços competitivos atraem clientes, geram tráfego e vendas, o que possibilita escala, tanto em termos de dados quanto em logística. Isto permite aumentar a seleção — inclusive trazendo vendedores terceiros à plataforma. Com volume e escala é possível criar inovações como o Prime (este defendido com força por Bezos), Kindle, AWS (Amazon Web Services), entre outros, para agregar valor aos consumidores.

Massa e flywheel

A história do Bezos é fascinante, só que tem um detalhe a mais no modelo.

Lembre-se de que F = dp/dt, onde p = m*v.

No caso da Amazon, além do efeito da força aplicada, também a massa aumentou!

O que seria a “Força”? Seria a capacidade de execução, know-how técnico dos engenheiros, a capacidade de negociação dos executivos, etc.

E o que seria a “Massa”? Seria a quantidade de clientes, a quantidade de fornecedores que utilizam a plataforma, o alcance diário de potenciais clientes.

No caso de executivos de empresas, a “Massa” seria o orçamento disponível para sua área, a quantidade e qualidade de funcionários, o capital político e de conexões. Já a “Força” seria efetivamente a capacidade de fazer bons trabalhos e mexer ponteiro com isso tudo. Não à toa, a época do orçamento é sempre uma disputa por recursos, para posterior capacidade de execução.

O Estado tem grande massa, porém pouca velocidade. Uma startup de meia dúzia de pessoas é o oposto, pouca massa e muita velocidade.

Na prática, há um limite para o quanto de velocidade é possível colocar. Um limite teórico é a velocidade da luz. Mas um limite mais prático é a resistência do ar. Já a massa, não tem limites — vide Júpiter, o Sol, ou um buraco negro.

O impacto total do Estado é enorme, com todas as ineficiências inerentes ao tamanho. O impacto de uma startup tende a zero, a menos que ela cresça em massa.

O segredo real do flywheel é ganhar massa, além de velocidade. Ao contrário de um foguete, que vai perdendo massa, a ideia é ser como uma estrela em formação.

Uma estrela em formação, à medida que vai ganhando velocidade, também vai ganhando massa. Sua gravidade aumenta a cada partícula que agrega, até chegar ao ponto de virar uma estrela completa!

Faça uso dos conceitos citados para criar o seu flywheel!

“É preciso ter o caos dentro de si para dar à luz uma estrela dançante.” — F. Nietzsche.

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on November 1, 2024.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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