Assim Falou Zaratustra — em 40 frases

Arnaldo Gunzi
5 min readFeb 5, 2022

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O “Assim Falou Zaratustra”, do explosivo filósofo Friedrich Nietzsche, é o meu livro favorito de todos os tempos. Nietzsche tem a incrível capacidade de derrubar “ídolos com pés de barro” utilizando uma linguagem poética imaginativa. É como ir numa viagem num país estrangeiro, onde tudo é novo, desconhecido e excitante, acompanhado de um vinho inebriante do mais forte.

Prelúdio: A abertura de “Assim Falou Zaratustra”, de Richard Strauss, inspirado na obra de Nietzsche.

Sem mais delongas, uma coleção de frases do livro “Assim Falou Zaratustra”.

Quando Zaratustra completou trinta anos, abandonou sua pátria e foi para a montanha. Ali, durante dez anos, alimentou-se de seu espírito e de sua solidão, sem deles se fatigar.

Estou repleto de minha sabedoria, como a abelha que acumulou demasiado mel. Necessito de mãos que se estendam para mim. Eu devo descer, como tu, até aqueles a quem quero baixar.

Trago um presente para os homens.

Será possível? Esse santo ancião não ouviu em sua floresta que Deus está morto!

Eu vos ensino o Além-Homem. O homem é algo que deve ser superado. Que fizeste para superá-lo?

O que é um macaco para o homem? Algo risível ou uma dolorosa vergonha. Pois assim é o homem para o Além-Homem.

Exorto-vos, ó meus irmãos, a permanecerdes fiéis à terra, e a não acreditar naqueles que vos falam de esperanças supraterrestres.

O homem é um rio turvo. É preciso ser o mar para receber um rio turvo, sem tornar imundas as suas águas.

O homem é uma corda estendida entre o animal e o Além-Homem: uma corda sobre um abismo. Perigoso passar um abismo, perigoso seguir esse caminho, perigoso olhar para trás, perigoso temer e parar.

É tempo que o homem visualize um objetivo para si.
É tempo que o homem plante a semente de sua mais alta esperança.
Ainda é seu solo bastante rico. Mas um dia, pobre e avaro será ele, e, nele, já não poderá crescer nenhuma árvore elevada.

Eu vos digo: É necessário ter o caos em si para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo: tendes ainda um caos dentro de vós.

Nada perderei perdendo a vida. Nada mais fui que um animal ao qual ensinaram a dançar à força de pancadas e magros alimentos.

A vida humana é sinistra e desprovida de sentido; basta um palhaço para lhe ser fatal.

Vim para separar muitas ovelhas do rebanho. Será preciso que o povo e o rebanho se irritem contra mim; Zaratustra quer que os pastores vejam nele um ladrão.

Uma águia descrevia grandes círculos no ar e trazia suspensa uma serpente, não como presa, mas como amiga, porque ela ia enroscada ao seu pescoço — são os meus animais! — disse Zaratustra, e o seu coração encheu-se de alegria.

Três metamorfoses do espírito vos menciono: de como o espírito se muda em camelo, e em leão o camelo, e em criança, finalmente, o leão!

O espírito tornado besta de carga atira sobre si todos estes pesados fardos; e igual ao camelo, que se apressa para alcançar o deserto, também ele se apressa para alcançar o seu deserto.

E lá, na solidão extrema, produz-se a segunda metamorfose; o espírito torna-se leão; quer conquistar a liberdade, e ser amo em seu próprio deserto.

Inocência é a criança, o esquecimento, novo começar, jogo, roda que gira sobre si mesma, primeiro movimento, santa afirmação. Tendo perdido o mundo, quer ganhar para si o seu mundo.

Todo eu sou corpo, e nada mais; a alma não é mais que um nome para chamar algo do corpo.

Irmão, quando tens uma virtude, e essa virtude é tua, não a tens em comum com ninguém.

Este pássaro construiu seu ninho em mim; por isso o quero e o estreito contra o meu coração. Agora incuba em mim seus dourados ovos.

O que gira em torno da chama da inveja, assim como o escorpião, acaba por volver contra si mesmo o aguilhão envenenado.

O homem é algo que deve ser superado. Deves, por isso, amar tuas virtudes, porque por ela perecerás.

Uma coisa é o pensamento e outra é a ação, e outra a imagem da ação. A roda da causalidade não gira entre elas.

Sou um parapeito ao longo da torrente: aquele que puder segurar-me, que o faça. Mas, vossa muleta eu não o sou.

De tudo quanto se escreve, agrada-me apenas o que alguém escreve com o próprio sangue. Escreve com sangue; e aprenderás que sangue é espírito.

Quem com sangue em máximas escreve não quer ser lido, mas guardado na memória.

Nas montanhas, o mais curto caminho vai de cimo a cimo; mas é mister pernas largas.

Há sempre um quê de loucura no amor. Mas há sempre também um quê de razão na loucura.

Os que melhor entendem de felicidade são as mariposas e as bolhas de sabão, e tudo quanto a elas se assemelha entre os homens.

Aprendi a andar; desde então corro. Aprendi a voar; desde então não quero que me empurrem para mudar de lugar.

Vós dizeis que a boa causa é que santifica a guerra? Eu vos digo: a boa guerra é que santifica qualquer causa.

Que importa que a vida seja longa! Que guerreiro quer ser poupado?

Sobre o Estado. O Estado sabe mentir em todas as línguas do bem e do mal, e em tudo o que diz, mente; e tudo quanto tem, foi roubado. Nele tudo é falso; morde com falsos dentes, esse mordedor. Até suas entranhas são falsas.

Sobre as moscas da praça pública. Onde começa a praça pública, começa também o ruído dos grandes cômicos e o zumbido das moscas venenosas. Não levantes mais o braço contra eles! São inumeráveis, e não é teu destino ser enxota-moscas. Inumeráveis são esses pequenos e míseros; e altivos edifícios se viram destruídos por gotas de chuva e ervas daninhas.

O homem do conhecimento não só deve saber amar a seus inimigos, mas também odiar os seus amigos.

Calmo é o fundo do mar, quem poderia suspeitar que ele contém monstros risonhos?

Quem quer aprender a voar um dia, deve desde já aprender a manter-se de pé, a andar, a correr, a saltar, a trepar e a bailar: não se aprende a voar ao primeiro alçar das asas!

Os criadores são duros.

Onde está vosso caminho? Era o que eu respondia, aos que me perguntavam o ‘caminho’. Que o ‘caminho’, na verdade…. o caminho não existe.

Assim falou Zaratustra.

O livro contém inúmeras outras anedotas (como o Veneno da Víbora e o Dragão, e o Martelo fala), além de frases de impacto nos discursos de Zaratustra. Conheço uma pessoa que chegou a estudar alemão, para conseguir ler no original, afinal toda tradução perde um pouco da essência do autor.

Assim Falou Zaratustra — Friedrich Nietzsche

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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