As curiosas eleições municipais de 2024 de São Paulo
Está sendo curioso assistir às campanhas municipais de São Paulo, porque, além do pleito municipal, certamente estes serão os candidatos das eleições dos próximos anos e décadas (fora o Datena).
Guilherme Boulos (PSOL): o mais extremo à esquerda, líder do MST. Está seguindo roteiro como o de Lula e se colocando como moderado, paz e amor. Talvez funcione, talvez não.
Tábata Amaral (PSB): É a mais paradoxal. Se coloca como esquerda moderada e se diz “periferia”.
Sempre conta a história de como saiu da extrema pobreza para vencer na vida.
Porém, tem zero empatia com o povão da periferia. Parece aquela menina intelectual que senta na primeira fileira, tira 10 nas provas e é a menos popular da turma.
Além disso, é financiada por Jorge Lehmann, Armínio Fraga e outro grupo de bilionários. Ao invés de apoio popular, tem apoio da mais alta elite do país.
José Luiz Datena (PSDB): Apresentador de TV, ficou anos “namorando” uma eleição a cargo público, para alavancar a popularidade. Não vingou e não continuará na vida pública em cargos relevantes.
Assim como a mídia tradicional está sendo eclipsada pelas novas mídias, o representante da mídia tradicional foi eclipsado pelo representante das novas mídias.
Ricardo Nunes (PMDB): Centrão clássico, com toda máquina política a seu favor.
Vice de Bruno Covas, ganhou a prefeitura com a morte do titular. Tem zero empatia, zero perfil de político tradicional (aquele que fala alto, abraça criancinhas).
Colocou-se como enérgico na campanha, para contrapor a imagem de passivo que tinha (antes da eleição eu nem tinha ouvido falar dele, apesar de ser prefeito de SP).
Sua apatia é, ironicamente, a arma para segundo turno: a não rejeição. Como não causa emoções, não é amado e também não é odiado.
Pablo Marçal (PRTB): Mudou toda a lógica das campanhas. Zero tempo de TV e zero dinheiro público, 100% de redes sociais. Nova mídia: Instagram, cortes de Youtube e similares.
Coloca-se mais à direita, e postulou apoio do Bolsonaro (não obteve, o apoio foi para Nunes).
Tinha tudo para ser como Levy Fidelix, Padre Kelmon ou outros do PRTB, com zero intenções de voto, porém, roubou a cena.
É especialista em retórica. Os argumentos são 100% ad hominem. Mestre em manipulação emocional: ironia, linguagem corporal de desprezo aos adversários.
Provocativo, compreende totalmente a economia da atenção. Cortes, frases de efeito e apelidos: “Comedor de açúcar”, Chatábata, Dá Pena, Bananinha. Protagonizou as cenas de cadeirada e de briga nos bastidores, e as regras dos debates mudaram por conta dele.
Também é periferia, como a Tábata, mas periferia do fundão da sala, aquele que não assiste aulas, lidera os bagunceiros e tira nota baixa — por isso mesmo, tende a ser popular. Coloca-se como bem-sucedido por empreendedorismo.
Tem alta rejeição: melhor ser amado e odiado do que ser neutro, sem sal.
Conclusão
Independentemente de quem ganhar, são políticos jovens, com muitos anos pela frente. Eles estarão em cena nas próximas décadas, concorrendo à presidência e aos governos.
Veja também:
Para que serve o segundo turno das eleições? (ideiasesquecidas.com)
Originally published at https://ideiasesquecidas.com on October 5, 2024.