A magnífica Xanadu de Kublai Khan

Arnaldo Gunzi
3 min readApr 2, 2021

“Vou contar para você sobre a grande e maravilhosa magnificência do Grande Kaan reinante, de nome Cublay Kaan, Kaan sendo o título que significa ‘O lorde dos lordes’, ou Imperador” — Marco Polo.

Estive a ler o livro “A brief history of Khubilai Khan”, da foto abaixo.

Este livro tem uma história muito particular. Comprei numa livraria na cidade de Toronto, Canadá. Estava voltando de um congresso, na companhia do meu grande amigo Diego Piva, faz uns 5 anos. O preço está na capa, 7 dólares canadenses — vide a foto. Naquela época, o real ainda tinha algum valor, o que tornava o livro barato.

Xanadu era a capital do império mongol de Kublai Khan, neto do legendário conquistador Genghis Khan.

Após unificar toda a Mongólia, o exército de Genghis Khan passou a devastar reinos vizinhos. O seu império chegou à parte da Rússia, Oriente médio, e norte da China.

O termo “horda”, normalmente em referência à falfeitores, veio do nome das tendas, ou sede do poder dos mongóis.

Após a morte de Genghis Khan, e brigas entre descendentes, chegamos à linhagem de Kublai Khan. Este é conhecido na cultura popular, porque é o império descrito por Marco Polo em sua viagem à China.

“Xanadu” não é um nome muito chinês. Numa transcrição mais moderna, seria “Shangdu”. Esta era a capital do império mongol de Kublai.

A parte sul da China era dominada pelo Império Song. Herdando a voracidade expansionista de seu avô, Kublai empreendeu a conquista do Império Song e a unificação da China sob o seu comando, fundando a dinastia Yuan.

Fato curioso: o império Mongol conquistou a China militarmente, mas, culturalmente, os ritos e tradições chinesas continuavam a valer. É mais ou menos como Roma dominou a Grécia militarmente, mas a cultura grega era tão mais avançada que influenciou fortemente a primeira.

A Coreia também acabou sendo dominada por Kublai Khan. Não houve invasão, eles apenas se submeteram ao comando mongol.

Após a queda da China, outros impérios da região eram o Vietnã e o Japão.

Kublai empreendeu duas tentativas de invadir o Japão. Por ser uma ilha, a invasão teve que ser pelo mar — num local extremamente distante da capital chinesa, logisticamente complicada, e, também, sem aparentar ter alguma riqueza espetacular para os invasores. Já os defensores tinham todo o interesse em rechaçar o ataque, e empreenderam resistência feroz.

O Japão teve um empurrãozinho dos deuses da guerra: em ambos os ataques, tempestades destruíram a esquadra chinesa no mar. Daí, surgiu o termo “Kamikaze”, o vento divino, o mesmo termo utilizado pelos soldados suicidas japoneses na Segunda Grande Guerra.

Este evento marcou o início do declínio da dinastia Yuan, também com diversos outros problemas: a rivalidade de outros descendentes mongóis, rebeliões chinesas, etc.

Há várias citações à Kublai Khan na cultura popular, além de Marco Polo.

O poema “Kubla Khan”, de Samuel Coleridge, é muito famoso:

In Xanadu did Kubla Khan
A stately pleasure-dome decree:
Where Alph, the sacred river, ran
Through caverns measureless to man
Down to a sunless sea.

Baseado nisso tudo, tem a música “Xanadu”, do Rush. Eu não conhecia, foi indicação do meu amigo Vinícius Ribeiro.

https://www.youtube.com/watch?v=SEuOoMprDqg

Há uma série da Netflix chamada “Marco Polo”, mas ela é bem ruim — não à toa, foi cancelada na primeira temporada!

Por fim, Xanadu é o nome de uma startup canadense, cuja missão é “To build quantum computers that are useful and available to people everywhere.”. Ela usa fotônica como arquitetura de computação. Confira aqui: http://www.xanadu.ai

Arnaldo Gunzi, Abril 2021

Ideias técnicas com uma pitada de filosofia:

https://ideiasesquecidas.com/

Veja também:
https://ideiasesquecidas.com/2017/10/31/%e2%80%8bbagda-a-mais-bela-cidade-de-todos-os-tempos/

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on April 2, 2021.

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Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.