A lenda de Prometeu, Epimeteu e Pandora, ilustrada pelo Dall-E
Recontando a lenda de Prometeu, Epimeteu e Pandora, agora com apoio de ilustrações geradas com apoio do Dall-E.
Prometeu e Epimeteu eram irmãos e titãs. O que é um titã? Qual a diferença para os deuses? Os titãs são uma raça de seres que antecederam os deuses do Olimpo. São como se fossem “primos” dos deuses, estes últimos da linhagem de Zeus.
Prometeu tem o dom da antevisão, e Epimeteu, o dom da visão retrospectiva. Um olha para o futuro, e o outro, para o passado. O primeiro, muito sábio, inteligente e zeloso, o segundo, afobado, inconsequente, incauto.
Os deuses deram aos irmãos a tarefa de criar os seres vivos da Terra.
Prometeu (o que olha para o futuro) criou os seres vivos com muito cuidado a partir de argila, e a deusa Atena deu o sopro de vida a estes.
Epimeteu (o que olha para o passado) ficou com a responsabilidade de conceder um dom específico a cada animal.
Os animais pegaram a senha, ficaram numa fila, e Epimeteu foi distribuindo as habilidades: garras, velocidade, casca dura, poder de voar, etc.
O ser humano foi o último da fila, e quando chegou a sua vez, o atrapalhado Epimeteu já tinha distribuído todas as habilidades que ele tinha em mãos. Assim, o ser humano não tem garras afiadas, dentes esmagadores, velocidade arrasadora, veneno, nem nada especial.
Prometeu apiedou-se deste indefeso ser, e deu um jeito de fornecer alguma habilidade. Tornou-os eretos como os deuses. E, além disso, roubou o fogo dos deuses para dar aos homens.
O fogo permitiu que os humanos se protegessem do frio, forjassem armas, cozinhassem alimentos, ajudando a sua evolução de um macaco desajeitado a um grande caçador coletor, depois um grande agricultor.
Os deuses enfureceram-se com Prometeu. Ele foi acorrentado a uma rocha, e condenado a ter o seu fígado devorado por uma águia, todos os dias. Durante a noite, o fígado crescia, para ser devorado novamente no dia seguinte.
(Há várias versões diferentes da lenda. Uma delas, contada no Diálogo “Protágoras” de Platão, diz que após a criação dos homens, Zeus ordenou que Hermes distribuisse habilidades diversas — como artesanato, oratória — de forma desigual entre as pessoas, mas o senso de justiça igualmente entre todos, para que pudessem viver em comunidades).
O homem também sofreu a vingança de Zeus. Este criou uma bela criatura, chamada Pandora, a primeira mulher, e enviou-a a Epitemeu. Pandora tinha um espírito enganador, uma língua afiada e muita curiosidade.
Epimeteu tinha sido avisado pelo precavido Prometeu a não aceitar presente algum de Zeus. Mas Pandora era de uma beleza indescritível, uma coisa tão linda, tão cheia de graça, num doce balanço a caminho do mar, que foi impossível o incauto Epimeteu resistir.
Junto com Pandora, veio uma caixa, que tinha somente uma instrução clara: não abrir. Porém, um dia, a curiosidade de Pandora foi tanta, que ela abriu a caixa, e espalhou todas as doenças por este planeta. Depois que todas as doenças se espalharam, ela viu que tinha ficado alguma coisa no fundo da caixa: a Esperança.
O nosso benfeitor Prometeu se safou, depois de um tempo. O herói Hércules matou a águia e o libertou, numa pausa dos seus 12 trabalhos. Tendo o dom de antever o futuro, Prometeu sabia que sofreria consequências, mas também sabia que dar o fogo aos homens era a coisa certa a ser feita, e que ele mesmo se safaria no final.
E, mais do que o fogo, Prometeu deu aos homens o dom do conhecimento e da antevisão. Todos os animais conseguem olhar apenas para o presente, como Epimeteu: juntar alimentos, sobreviver hoje e agora. Somente o ser humano consegue olhar para o passado, através do conhecimento; e antever o futuro, planejar o amanhã a partir do momento presente. Este é o verdadeiro legado de Prometeu.
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Originally published at https://ideiasesquecidas.com on March 4, 2023.