A expedição Kon-Tiki

Arnaldo Gunzi
6 min readJun 21, 2020

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Para quem gosta de aventuras, segue a indicação de uma das histórias mais malucas de que o ser humano é capaz.

O norueguês Thor Heyerdahl queria mostrar que a colonização das ilhas Polinésias tinha origem nos indígenas da América do Sul.

Tendo vivido nas ilhas Polinésias por um período, ele notara uma corrente marítima vinda do leste. Também notou semelhança entre algumas estátuas nas Polinésias e no Peru, e culturas como a batata-doce.

Para provar o seu ponto, ele se propôs a uma aventura completamente insana: a bordo de uma jangada, construída apenas com materiais da antiguidade (toras e cordas), atravessar 8000 quilômetros de Oceano Pacífico!

Só para dar uma noção, a distância de Oiapoque ao Chuí é de 4.000 quilômetros. A jangada (nem barco era), iria de norte a sul do Brasil e voltaria, apenas sendo levada pela corrente e pelo vento!

Essa era a Expedição Kon-Tiki, em homenagem ao deus polinésio ancestral. Ocorreu em 1947.

A partir da aventura, ele publicou um livro e um documentário.

Há um filme de 2012, disponível no Prime Vídeo.

O filme é legal, é até fiel em vários pontos, porém, faz algumas dramatizações desnecessárias para uma aventura que é interessante por si só.

Prefiro o documentário original de 1950, no link a seguir.

Há também um livro: https://amzn.to/3hQgwzB

Pincelei algumas cenas, a seguir.

A jangada foi feita utilizando 9 árvores grossas, de madeira balsa. Toras menores foram colocadas acima das toras grossas, um mastro de madeira bastante dura e uma cabana de bambu coberta com palha seca, pequena mas suficiente para os 6 tripulantes.

Somente cordas, sem pregos, sem cabo de aço. Segundo a antiga tradição polinésia, “Não devemos lutar contra a natureza. Devemos nos sujeitar a ela e ser flexíveis”.

A distância a ser percorrida do Peru para as Polinésias é muito grande. É a mesma distância do Peru até S. Francisco, ou de S. Francisco até a Islândia.

Eles também tinha um pequeno bote a remo como apoio. Na primeira vez que saíram com o bote, eles perceberam que a jangada andava rápido demais, mesmo sem as velas. Tiveram que remar com todas as forças para conseguir alcançar a mesma.

Eles utilizavam um sextante para estimar a localização. Sol, estrelas e conhecimento, só isso.

Uma das grandes objeções dos críticos era a comida. No caso dos aventureiros, eles levaram um grande estoque de ração e água, mas como um nativo faria?

O vídeo prova claramente que é possível conseguir peixe em alto-mar.

Havia muitos peixes próximos à balsa, procurando refúgio.

Peixes voadores também eram frequentes — estes pulavam na balsa à noite, e eram uma fonte constante de alimento.

A fim de justificar a parte científica da expedição, eles coletaram plâncton, alga e parasitas de peixes. Também descobriram uma nova espécie de peixe, uma espécie estranha de peixe cobra.

Em mais de uma ocasião, viram baleias próximas à jangada. Uma das vezes, parecia vir colidir diretamente com a embarcação, porém, o gigante passou por baixo, sem maiores problemas.

É claro que uma viagem dessas não poderia passar sem contratempos. Um deles foi que, somente após 45 dias de viagem, conseguiram contato no rádio amador.

Entre os contratempos, eram necessários constantes reparos na estrutura, na amarração das vigas principais, no manche.

Uma cena que fiquei em dúvida no filme, mas o documentário mostrou que era real. A fim de fazer o rádio amador pegar sinal, os tripulantes levantaram um balão com antena. O papagaio “Lolita”, o sétimo tripulante, viu o fio do balão e bicou, fazendo-os perder o mesmo.

Lolita não teve um bom destino. Após uma chuva, o mar a levou para sempre.

No documentário, eles citam que havia tubarões constantemente seguindo a jangada, principalmente atraídos por restos jogados.

Eles chegaram a pescar tubarões.

Era fácil fazer o monstro morder a isca — bastava peixe e sangue, que ele atacava cegamente — não tem medo, visto que não tem predadores. Içar o tubarão para bordo também não era difícil, porém, dentro da jangada, ele podia ficar por uns bons 45 minutos brigando — e poderia machucar alguém, com os dentes afiados.

A foto a seguir mostra que eles conseguiram pescar à vontade, apenas com instrumentos rudimentares: arpão, anzol e linha.

Após cerca de 90 dias, pássaros no céu eram o sinal de que a terra estava próxima.

Encontraram uma ilha, porém não conseguiram fazer a jangada desembarcar na mesma — afinal, tinham apenas a embarcação e uma vela.

A questão principal de uma viagem dessas não era distância, mas direção. É possível flutuar ao sabor das correntezas por 8000 kilômetros, mas não conseguiam atracar na ilha a 200 metros.

Encontraram nativos em botes alguns dias depois, porém, novamente, não conseguiram desembarcar.

Após mais alguns dias, eles tiveram que atravessar um recife de corais, para desembarcar numa ilha. A jangada foi destruída ao atravessar o recife. E a ilha estava desabitada.

Teriam eles chegado sãos e salvos? Alguma outra intercorrência machucou alguém? Teriam sido atacados por sereias, tais como Ulisses na Odisseia?

Assista o filme ou o documentário para saber. De novo, é um prato cheio para quem gosta de aventuras.

Atualmente, estou com receio até de tomar metrô, em virtude da pandemia. Imagine a coragem de ficar 101 dias isolado no mar, com futuro incerto, vizinho de tubarões e baleias!

Seguem alguns links e outras indicações:

Vi o filme no Prime Video. Como o catálogo é rotativo, destaco que foi agora em junho de 2020.
https://amzn.to/312KkTR

Documentário original de 1950
https://www.youtube.com/watch?v=22RvS372DlQ

Livro Kon-Tiki: https://amzn.to/3hQgwzB

Outras recomendações, na mesma linha de aventuras extremas:

A incrível viagem de Shackleton. Sobre o explorador que tentou alcançar o Pólo Sul, porém teve a embarcação presa no gelo. Tiveram que sobreviver até a chegada do verão.

https://amzn.to/3djyA1B

O País das Sombras Longas. Como vivem os esquimós do Pólo Norte? O livro relata diversas histórias, até cruéis, deste lugar inóspito.

Originally published at https://ideiasesquecidas.com on June 21, 2020.

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Written by Arnaldo Gunzi

Project Manager - Advanced Analytics, AI and Quantum Computing. Sensei of Analytics.

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